Colecionáveis e ‘kidults’ cresceram 18% no Brasil
País segue tendência da indústria norte-americana de brinquedos, aponta Circana
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Nos últimos 12 meses – até maio de 2025 -, enquanto o faturamento do mercado de brinquedos como um todo avançou 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, a venda dos colecionáveis e kidults saltaram 18%. O desempenho no País foi impulsionado pelas cartas colecionáveis de troca, como as de Pokémon, as cartas esportivas colecionáveis, os blocos de construção e as figuras de ação colecionáveis.
O que explica o comportamento das vendas e o perfil dos consumidores, segundo a avaliação feita pela Circana, empresa global de data tech para análise do comportamento de consumo e responsável pela pesquisa sobre o setor, é o brinquedo se tornar objeto de desejo, expressão e escapismo em um cenário cada vez mais complexo e emocional. Enquanto as crianças descobrem o prazer de brincar, o público adulto redescobre essa atividade, o que pode ser o diferencial para o setor neste ano.
Mercado norte-amerciano
Os resultados de Brasil seguem a tendência identificada pela Circana no mercado norte-americano, que começou 2025 com força total. A pesquisa sobre o segmento aponta para o crescimento em valor de 6% da indústria de brinquedos e de 3% em unidades entre janeiro e abril, em comparação com o mesmo período de 2024. No ranking dos setores de consumo monitorados pela Circana, brinquedos lideraram como o segmento de crescimento mais acelerado no início do ano, puxado por lançamentos como novos cards colecionáveis de Pokémon e esportivos.
Também nos Estados Unidos, o grupo etário com maior crescimento foi o de adultos. As vendas de brinquedos voltados para maiores de 18 anos aumentaram 12% no primeiro trimestre, totalizando US$ 1,8 bilhão, a maior soma de gastos entre todas as faixas etárias. Cartas colecionáveis, blocos de construção e figuras de ação aparecem entre os itens mais procurados.
“Mesmo diante das pressões econômicas, os consumidores estão buscando conforto, escapes e estão mais nostálgicos, e os brinquedos voltaram a ocupar esse espaço. Seja pela vontade de colecionar, presentear ou revisitar lembranças da infância, brincar passou a ser uma forma de bem-estar e expressão pessoal”, analisa Juli Lennett, vice-presidente de Brinquedos da Circana. “Para o varejo, isso representa uma oportunidade estratégica: enxergar o brinquedo não apenas como um produto, mas como uma experiência, uma forma de diversão e conexão emocional que atravessa gerações. Essa mudança de comportamento tem potencial para redefinir categorias, ampliar públicos e transformar a relação das marcas com seus consumidores”, completa.
Super categorias
Oito das 11 super categorias do setor apresentaram crescimento em vendas, com destaque para jogos e quebra-cabeças, brinquedos exploratórios, figuras de ação, eletrônicos juvenis e artes e artesanato. A febre dos colecionáveis segue aquecida. Só os cards de Pokémon foram citados por 19% dos adultos entrevistados em março como uma compra pessoal recente. A maioria não joga, apenas coleciona, exibe ou revende.
Outro fenômeno que chama a atenção é a polarização de preços. Brinquedos com valores entre US$ 20 e US$ 69,99 lideraram o crescimento, enquanto os itens abaixo de US$ 15 também ganharam espaço. Já os produtos de faixa intermediária enfrentaram retração. Mesmo diante de possíveis impactos tarifários, o comportamento do consumidor permanece dividido. Cerca de um terço diz que optaria por versões mais baratas, enquanto outro terço afirma que pagaria mais para manter suas escolhas.
Imagem: Freepick