Lojas físicas voltam a puxar crescimento do varejo
Índice do Varejo Stone de julho mostra que as vendas cresceram 2,4% em julho
publicidade

O Índice do Varejo Stone de julho mostra que o setor apresentou sinais de recuperação após o desempenho negativo de junho. As vendas cresceram 2,4% em relação ao mês anterior, indicando uma retomada parcial. Ainda assim, o resultado não foi suficiente para superar os números de 2024, com queda de 1,1% no comparativo anual.
Segundo o relatório, os números refletem a resiliência do mercado de trabalho, que se mantém relativamente estável e contribui para sustentar o consumo. No entanto, o elevado comprometimento da renda das famílias com dívidas continua sendo um obstáculo, mesmo diante de um cenário de inflação mais controlada. Para o consumidor, a cautela permanece, o que exige do varejo estratégias como parcelamento acessível, programas de fidelidade e condições diferenciadas de pagamento, capazes de estimular compras planejadas e a recompra.
A melhora beneficiou o varejo alimentar que também mostrou sinais de recuperação, como mostraram os dados do Radar da Scanntech. Na comparação com junho, as vendas subiram 5,7%, acompanhadas de uma retração de -1,1% nos preços. O cenário aponta para uma possível retomada do abastecimento das dispensas dos brasileiros.
O volume comercializado se manteve praticamente estável, com variação de -0,3%, enquanto o fluxo de consumidores nas lojas aumentou 1,3%.
Vendas físicas avançam, digitais recuam
Um dos pontos centrais do levantamento é a diferença de comportamento entre canais. As lojas físicas apresentaram leve alta mensal de 0,7%, embora ainda acumulem queda de 1,1% no comparativo anual. Já o comércio digital registrou recuo de 6,8% em julho, acentuando a queda anual de 18%.
Esse contraste reforça a percepção de que a experiência presencial volta a ser valorizada pelos consumidores, enquanto o ambiente online enfrenta maior pressão competitiva e desaceleração.
Destaques setoriais
Entre os segmentos acompanhados, materiais de construção tiveram o melhor desempenho no mês, com alta de 3,8% sobre junho. Apesar disso, seguem abaixo do ritmo de 2024, com retração anual de 1,5%. O resultado foi impulsionado por fatores sazonais, como o inverno, que elevou a demanda por trocas de vidros e reformas domésticas.
Outro destaque foi o setor de combustíveis e lubrificantes, único a crescer tanto em relação a junho quanto na comparação anual. As vendas avançaram 0,8% no mês e 1% frente a julho de 2024, consolidando um padrão de recuperação consistente.
Na outra ponta, livrarias, papelarias e editoras tiveram um dos piores resultados: queda de 3,6% em relação a junho e retração de 2,4% frente ao ano anterior. O desempenho negativo reforça os desafios de setores tradicionais diante de mudanças no consumo e da concorrência digital
Análise regional
O recorte por estados mostra um quadro heterogêneo. Depois de apenas quatro estados registrarem alta em junho, 14 apresentaram leve crescimento em julho: o Rio Grande do Sul se destaca com o crescimento mais representativo do mês (2,2%), seguido por Alagoas (1,8%) e Acre (1,6%).
Mais quatro unidades da federação conquistaram crescimento de um dígito. São eles: Mato Grosso, com crescimento de 1,4%, e Amazonas, Maranhão e Rondônia, empatados com 1,3%. Os demais estados tiveram alta abaixo de 1%:
- Mato Grosso do Sul: 0,9%
- DF: 0,7%
- Santa Catarina: 0,7%
- Rio de Janeiro: 0,6%
- Tocantins: 0,5%
- São Paulo: 0,4%
- Minas Gerais: 0,3%
- Piauí: 0,3%
- Ceará: 0,2%
- Pará: 0,2%
- Paraíba: 0,2%
- Rio Grande do Norte: 0,2%
Sete estados tiveram queda no crescimento:
- Amapá: – 1,3%
- Pernambuco: -0,8%
- Roraima: -0,5%
- Goiás: – 0,4%
- Sergipe: -0,4%
- Espírito Santo: -0,2%
- Bahia: -0,1%
Perspectivas
O levantamento da Stone evidencia que, mesmo em um cenário de consumo contido, o varejo físico volta a puxar a recuperação. A recomposição do setor dependerá da capacidade das empresas em equilibrar preços, oferecer crédito de forma sustentável e criar estratégias que aumentem a fidelidade do cliente.
Com diferentes ritmos entre canais e segmentos, o varejo brasileiro segue desafiado a adaptar-se a um consumidor mais seletivo, pressionado pelas dívidas, mas ainda disposto a gastar quando encontra valor claro na proposta.
Imagem: Freepick