Franchising acelera no 2º tri: o varejo organizado segue abrindo vantagem
Dados são do relatório de desempenho da ABF, divulgado nesta sexta, 5 de setembro
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O franchising cresceu 14,2% no 2º trimestre de 2025 e faturou R$ 69,9 bilhões. Em 12 meses, o avanço foi de 14,4%, somando R$ 287,2 bilhões. O semestre já marca R$ 135,8 bilhões, um salto de 11,6% sobre 2024. Mesmo com juros altos e atividade moderada, a rede organizada performa. Processos testados, padrões, know-how, marketing e tecnologia fazem diferença.
Os dados são da Pesquisa de Desempenho do Franchising 2º Trimestre de 2025, publicado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) nesta sexta, 5 de setembro.
Por que isso importa?
Porque esse ritmo não é casual. Redes com método capturam demanda, reduzem erro e escalam mais rápido que negócios independentes. Em ciclos difíceis, governança e playbook contam ainda mais.
O relatório também mostra saldo positivo de operações: aberturas 3,8%, encerramentos 1,5%, saldo 2,3% no 2º trimestre. Quem tem padrão abre, sustenta e repassa melhor. É resiliência que vira resultado.
O que os números contam
O setor avança em base ampla. O Sudeste segue líder, com cerca de 54% do faturamento e das unidades, mas a participação das demais regiões é estável e com espaço para ganhar tração. Norte e Nordeste somam cerca de 19% da receita e 19% das operações. Esse equilíbrio ajuda a diluir riscos e amplia o mapa de expansão.
Os destaques setoriais explicam parte da aceleração.
“Alimentação, Comercialização e Distribuição” saltou 44% no trimestre, puxada pela Páscoa no período, pelo mix premium e pela expansão de conveniência e mercados autônomos. “Entretenimento e Lazer” cresceu 15,7%, apoiado em demanda reprimida e experiências indoor. “Limpeza e Conservação” avançou 15,4%, com mudança de hábitos e busca por autoatendimento. São movimentos de ticket, frequência e formatos leves.
Há mais duas leituras relevantes. Primeiro, emprego direto robusto para 1,745 milhão de pessoas no 2º trimestre. Segundo, projeções conservadoras e críveis para 2025: faturamento próximo de R$ 300 bilhões (aproximadamente 10%), redes e operações com crescimento de 2%. O setor cresce com disciplina, não por euforia.
O interior como próxima fronteira
As capitais e os grandes centros já estão maduros. Marcas líderes ocuparam as praças de maior potencial. O interior tem demanda reprimida, custos menores de ocupação e de mão de obra, e espaço para as marcas entrarem primeiro. A fotografia regional reforça a tese: a base fora do eixo central existe e responde. Ao levar processos e padrões para essas praças, a rede converte potencial em caixa recorrente.
A força dos multifranqueados
O sistema está mais profissional com 88% das redes operando com multifranqueados. Eles já administram 31% das operações. Mais: 62% das redes com multifranqueados atuam em multimarcas e a média é 3,1 marcas por operador.
Isso puxa governança, capital e eficiência local. Para a franqueadora, é um acelerador de rollout. Para o franqueado, é escala com sinergia.
Insights acionáveis
- Priorize formatos leves e conveniência. Eles andam bem em ciclos de renda apertada e ampliam capilaridade.
- Capture o interior com método. Mapa de praças, estudo de ponto, ramp-up de supply e calendário de inauguração. A janela está aberta.
- Reforce a base de multifranqueados. Perfil, crédito, suporte e trilha de evolução para multimarcas. Escala com qualidade.
- Invista em dados e marketing local. Padrões + CRM + mídia de proximidade reduzem CAC e aumentam LTV.
Conclusão
O recado é claro: o franchising cresce mais que o varejo independente porque reduz incerteza e acelera execução. O 2º trimestre provou isso nos números e nos formatos. O próximo passo está fora do óbvio: interior, conveniência e multifranqueados. Com processos, padrões e tecnologia, a rede transforma oportunidade em crescimento sustentável.
Huberto Damas é sócio-diretor do Grupo Bittencourt.
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Imagem: Freepick