Alimentação fora do lar cai 7,5% em julho

Dados do IFB comparam os resultados de julho em relação a junho no foodservice

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Apesar de o setor de alimentação fora do lar ter registrado um crescimento nominal de 0,8%, o resultado aponta para uma queda real de 7,5%, ao considerar o impacto da inflação medida pelo IPCA. Os dados são do Instituto Foodservice Brasil (IFB), que divulgou nesta semana os resultados do Índice de Desempenho do Foodservice (IDF) de julho de 2025 em comparação a junho.

Segundo o IFB, os números confirmam a tendência observada ao longo do ano. De janeiro a julho de 2025, o foodservice acumula crescimento nominal de 4,5%, mas, em termos reais, o desempenho continua negativo, com retração de 3,8%. Nos mesmos empreendimentos, a situação é ainda mais crítica, com queda real acumulada de 6%.

Apesar da manutenção do faturamento em campo positivo, o setor sofreu uma queda de 6,1% nas transações totais em julho, em comparação ao mesmo mês de 2024. Isso reforça que o crescimento está sendo sustentado principalmente pelo aumento do ticket médio, que avançou 8,5%, passando de R$ 41,40 para R$ 44,90.

Em contrapartida, o número de estabelecimentos praticamente não evoluiu, com alta de apenas 0,5% na base instalada, o que limita a capacidade de expansão do setor. Foram abertas 34 unidades e fechadas 21, refletindo uma expansão líquida modesta. Os quiosques tiveram ligeira alta de 2%, alcançando 3.652 pontos no País.

Desempenho regional

Regionalmente, o desempenho foi heterogêneo. A região Norte registrou crescimento de 5,7% no faturamento, seguida pelo Centro-Oeste (3,6%) e Sul (1,8%). Já Sudeste e Nordeste ficaram praticamente estáveis, com 1,6% e -0,1%, respectivamente.

“Os números mostram que, embora o setor mantenha crescimento nominal, a inflação e a queda nas transações seguem pressionando a rentabilidade. O grande desafio é transformar esse faturamento em ganho real, sustentável e com margem para investimento”, Ingrid Devisate, diretora-executiva IFB.

Comportamento do consumidor

Segundo Cristiane Amaral, sócia de consultoria da EY-Parthenon, os dados reforçam que o foodservice vive um paradoxo: cresce nominalmente, mas perde força em termos reais. A executiva explica que, em um cenário de inflação elevada e renda comprimida, o consumidor passou a ser muito mais seletivo em suas escolhas. Hoje, antes de decidir onde e quanto gastar, ele compara preços, avalia a qualidade percebida e busca conveniência ou experiências que realmente compensem o desembolso.

Esse comportamento cria um ambiente em que o valor se torna central na decisão de compra. O aumento do ticket médio mantém o faturamento positivo em termos nominais, mas não reflete necessariamente uma expansão saudável do mercado. Pelo contrário, revela que muitos consumidores estão gastando mais por refeição, muitas vezes por efeito de reajustes de preços, ao mesmo tempo em que visitam menos estabelecimentos.

“O consumidor pressiona por valor e desafia o setor a entregar mais qualidade, serviço e inovação sem elevar ainda mais os preços. A queda no fluxo de clientes mostra que a busca por equilíbrio entre preço e benefício virou prioridade. Isso representa um desafio estrutural para a sustentabilidade do setor, que precisa encontrar novos caminhos para se manter relevante em um mercado cada vez mais exigente”, destacou Cristiane em apresentação conjunta com o IFB.

A executiva também ressaltou que os próximos meses exigirão estratégias de adaptação mais consistentes, sobretudo no uso de dados, digitalização e inovação nos modelos de negócio. “O setor precisa equilibrar preços, experiência e conveniência para não depender apenas de reajustes de cardápio como motor de crescimento”, completou.

Franchising em alta

De acordo com a 14ª Pesquisa Anual Setorial de Foodservice, conduzido em parceria entre a Associação Brasileira de Franchising (ABF), principal representante do mercado de franquias, e a Galunion, empresa especializada em alimentação fora do lar, em números absolutos, o faturamento encerrou o 2024 com um marco histórico de R$ 71,6 bilhões.

Apesar do número de redes ter diminuído de 938 em 2023 para 918 em 2024, as unidades passaram de 45.709 para 47.161 no mesmo período. O levantamento, no entanto, aponta como o principal problema das franquias de foodservice a gestão. A má gestão do franqueado foi apontado como problema por 70% das marcas entrevistadas para o estudo.

Imagem: Freepick

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