Latam Retail Show tem transmissão ao vivo da NRF Europa

De São Paulo a Paris, painelistas internacionais e brasileiros debatem a transformação das lojas de departamento

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A 10ª edição do Latam Retail Show (LRS), evento para líderes do varejo, abriu o primeiro dia com transmissão ao vivo entre São Paulo e Paris de um painel internacional realizado na NRF Europa, em Paris, na capital francesa. Esta é a primeira vez que uma edição da NRF Retail’s Big Show acontece na Europa. Assim como o Latam, a NRF Europa ocorre de 16 a 18 de setembro.

Marcos Gouvêa, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, e Fábio Adegas Faccio, CEO das Lojas Renner, participaram do painel From department stores to lifestyle destinations: offering services, experiences and hospitality (De lojas de departamento a destinos de estilo de vida: oferecendo serviços, experiências e hospitalidade), do palco principal do LRS. De Paris, o encontro híbrido foi intermediado por  Monica Cannalire, founder & MD da Younicorn, e contou com as presenças de Selvane Mohandas Du Menil, diretor-geral da Associação Internacional de Lojas de Departamento (Iads, na sigla em inglês), e Marcello Zanfi, head of Retail Leasing Occupier da CBRE.

Du Menil, da Iads, observou que muitas lojas de departamento estão deixando essa definição de lado para se tornarem empresas de estilo de vida, como é o caso da chilena Falabella. O setor está se reinventando para acompanhar as tendências ao agregar serviços e hospitalidade, colocando o seu cliente no centro das tomadas de decisão. Ele também acrescentou as lojas estão engajando os consumidores associando lazer e bem-estar, oferecendo, por exemplo, concertos musicais e academias em seus espaços.

Na Europa, como também nos Estados Unidos, esse tipo de loja costuma ocupar prédios de 13 a 20 mil metros quadrados. No Brasil, os shopping centers ocupam áreas com as mesmas dimensões e investem nas opções de conveniência e diversão para os visitantes, bem como o mix de lojas mais adequado para cada região.

Por outro lado, Fábio Adegas Faccio, da Renner, surpreendeu os painelistas com o tamanho da rede brasileira. São 690 lojas próprias, somando todo portfólio do grupo: Renner, Camicado (home decor), Repassa (second hand), Ashua (plus size) e YouCom (lifestyle urbano) no Brasil, Uruguai e Argentina. Possui, ainda, as nativas digitais Uello, especializada em soluções logísticas, e Realize, a fintech da marca.

O executivo brasileiro também contou que, frente à alta de juros, as lojas disponibilizam crédito para consumo por meio da fintech, e que esta foi uma forma que o varejo encontrou – não apenas a marca – de continuar a vender diante de cenários econômicos desafiadores e instáveis.

A Renner tem investindo na modernização de suas unidades e na integração de canais on e offsite, a exemplo da implementação de totens de self-checkout em todas as unidades físicas. Em relação às vendas, o e-commerce lidera a preferência do consumidor, no entanto, com base em análises de resultados, a companhia observou que os clientes que utilizam múltiplos canais de compra gastam três vezes mais que a média, razão pela qual não deixa de abrir novas unidades.

Hoje, a marca se posiciona como loja de moda e lifestyle, não mais como rede de departamentos.

Proximidade e engajamento

Para Du Menil, o varejo precisa contar uma boa história, que seja atraente e leve tráfego e conversão para as lojas. Em sua opinião, a experiência do cliente é, hoje, uma das chaves para atrair, fidelizar e engajar consumidores. Em Paris, ele disse, a loja de departamento Le Bon Marchê e a Galeria Lafayette são exemplos desse movimento.

Com mais de 160 anos, o Le Bon Marchê dedica um espaço para exposições de arte, o que lhe garante conexão e tráfego de clientes. A Lafayette, por sua vez, promove ativações de pratos gourmet e inova regularmente seus espaços, como o terceiro piso, reservado para lojas de calçados e no qual são encontrados cafeteria instagramável, ateliê de piercing e venda de macarons. “Todos esses lugares fazem parte de alguma ativação”, aponta o diretor do Iads, o que torna a galeria atraente, pois “há sempre algo a descobrir”. “A ideia é construir credibilidade e aumentar o ponto de contato”, observa.

Marcello Zanfi destacou a importância da escolha dos imóveis ao definir o espaço para iniciar a operação. Pela sua experiência, o empreendedor não deve se comprometer com um espaço sem ter certeza do que o projeto que precisa. No entanto, isso não se refere apenas ao espaço da loja. Ele disse que é preciso observar, por exemplo, se o dono do negócio tem a intenção de criar uma comunidade no entorno, por exemplo. A necessidade é compatível com a região escolhida, o imóvel é o adequado?

Entender os objetivos pode fazer com que locais chamados de “destinos secundários”, interessantes por contarem com valores mais baixos, gerem ganhos de longo prazo com a chegada de atividades comerciais, culturais, serviços variados para a região.

Os próximos 10 anos

Após o fim do painel, Gouvêa e Faccio conversaram sobre o mercado brasileiro. Refletindo sobre o futuro do varejo de moda para os próximos 10 anos, o CEO da Renner acredita as tendências atuais que já impactam o setor – integração entre varejo, serviços e experiência – deverão se tornar a realidade.

A jornada do cliente será totalmente transformada pela inteligência artificial, no entanto, para Faccio é preciso manter a atenção no cliente e nas suas demandas. A marca tem como meta avançar em análise de dados e oferecer o produto certo para o cliente certo, melhorando sua experiência com um menor tempo para a entrega do serviço. No digital, isso se reflete em melhorias constantes na usabilidade do aplicativo da Renner e em maior conveniência na integração com as lojas físicas.

Imagem: Divulgação

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