Indústria nacional pode liderar transição energética

A conclusão é de um estudo conduzido pela Schneider Eletric e realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento

A indústria nacional tem uma grande oportunidade para liderar globalmente a transição energética e reduzir as emissões de carbono em escala inédita. É o que aponta um estudo inédito sobre sustentabilidade industrial apresentado pela Schneider Electric, referência global em tecnologia de energia. Realizado em conjunto com o Instituto de Pesquisa em Sustentabilidade (SRI) da companhia, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, o estudo apresenta uma análise inédita com insights estratégicos para políticas públicas e tomada de decisões empresariais.

O objetivo do documento é acelerar os esforços de descarbonização do Brasil em um momento decisivo, enquanto o País sedia a COP30 em Belém, no Pará. Entre suas principais conclusões, destacam-se as vantagens do Brasil na descarbonização: matriz majoritariamente renovável, potencial em hidrogênio verde, abundância de recursos naturais, e papel central na preservação de ecossistemas, fatores que contribuem para a relevância e o protagonismo do País na transição energética global.

“Essa cooperação reflete a ambição do Brasil de liderar pelo exemplo, transformando seu modelo produtivo para gerar valor por meio da sustentabilidade”, afirma Rafael Segrera, presidente da Schneider Electric para a América do Sul e chair do grupo de trabalho “Habilidades e Empregos Verdes” da Sustainability Business COP, iniciativa empresarial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o desenvolvimento sustentável.

“Uma de nossas principais conclusões preliminares é que o País está em posição única para modernizar sua economia de modo a atingir maior prosperidade e liderança em indústrias verdes dada sua extraordinária dotação de energias renováveis. Com esse avanço, a descarbonização tende a ocorrer simultaneamente”, acrescenta Segrera.

Estrutura do estudo e próximos passos

O estudo completo está estruturado em três partes principais:

  • Parte A: apresenta cenários prospectivos até 2050, analisando a descarbonização impulsionada pela demanda com base em experiências internacionais e os impactos sobre energia, emissões e tecnologia;
  • Parte B: propõe recomendações de política industrial para o Brasil, incluindo incentivos econômicos, normas flexíveis e apoio à bioeconomia, visando impulsionar a competitividade, o emprego qualificado e as redes de valor circulares;
  • Parte C: explora possíveis caminhos de descarbonização para a indústria brasileira, enfatizando a eletrificação e a eficiência energética como principais impulsionadores da transição verde.

Entre as conclusões técnicas, o estudo descreve dois cenários energéticos futuros para o Brasil e suas respectivas trajetórias de emissões, levando em consideração as potenciais restrições que podem retardar o ritmo da transformação.

No cenário “Salto Verde”, a modernização acelerada da infraestrutura elétrica e o avanço das energias renováveis permitem reduzir em até 60% as emissões até 2050, levando o País à neutralidade de carbono sem a necessidade de tecnologias de captura. Nele, a participação da eletricidade no consumo final salta de 18% para 58%, consolidando o Brasil como uma potência industrial verde.

O relatório revela ainda que, no cenário “Salto Verde”, a eletrificação da mobilidade e a modernização do setor produtivo poderiam liberar até 33 milhões de hectares atualmente utilizados para biocombustíveis, permitindo a restauração florestal que poderia remover até 200 MtCO₂ anualmente. Isso possibilitaria ao Brasil se tornar um sumidouro líquido de carbono até meados do século, contribuindo decisivamente para a estabilidade climática global.

“Nossa estratégia é assegurar que a modernização do setor produtivo esteja alinhada à transição global para economias de baixo carbono, agregando competitividade, inclusão social e preservação ambiental”, diz Julia Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC. “Essa iniciativa se conecta diretamente a programas estratégicos como o Nova Indústria Brasil (NIB) e a Estratégia Nacional de Descarbonização da Indústria (ENDI), de modo a fomentar o papel da sustentabilidade como motor de competitividade, geração de empregos de qualidade e fortalecimento da bioeconomia”, complementa.

“Parcerias como a que desenvolvemos com o MDIC são necessárias para acelerar mudanças estruturais. A transição do setor industrial não é apenas uma questão tecnológica, mas também de cooperação. Trabalhando juntos, conseguimos alinhar competitividade, inovação e metas climáticas para ampliar os impactos positivos e alcançar resultados mais rapidamente”, explica Segrera.

O estudo foi conduzido com o apoio técnico da Enerdata, empresa francesa especializada em modelagem energética, e contou com a colaboração da Amcham Brasil e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), responsáveis por articular os setores público e privado na construção de soluções inovadoras para a descarbonização.

Com as três partes consolidadas, os resultados completos do estudo fornecem informações detalhadas sobre estratégias, tecnologias e insights específicos para clusters industriais prioritários orientados pela demanda. Essa cooperação ajuda na utilização de tecnologias ambientalmente responsáveis, promove crescimento econômico e reafirma o posicionamento do Brasil como referência em desenvolvimento industrial sustentável.

Imagem: Freepik

Assine a nossa newsletter E fique por dentro das novidades