Keeta estreia em SP com entregas grátis e R$ 200 em cupons

A operação inicia em 1º de dezembro com mais de 27 mil restaurantes cadastrados e 98 mil entregadores parceiros

A partir de 1º de dezembro, São Paulo passa a integrar oficialmente o mapa global da Keeta, marca internacional da chinesa Meituan, a maior empresa de delivery de comida do mundo em número de pedidos e usuários. O lançamento na capital paulista e em outras oito cidades da Região Metropolitana marca a fase mais ambiciosa da expansão internacional da companhia, que já opera em Hong Kong e países do Oriente Médio. A estratégia é elevar o Brasil à quarta posição entre os maiores mercados de delivery do mundo, dobrando a base de consumidores em 5 anos para alcançar 120 milhões de consumidores no País. O lançamento da operação foi anunciada em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, 26 de novembro, no Jive House, em Pinheiros, zona oeste da capital paulista.

Para iniciar o negócio no Brasil, a Keeta se comprometeu a investir R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 1 bilhão destinados exclusivamente à operação na capital e nas cidades vizinhas: Guarulhos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Santo André, Osasco, Diadema, Itaquaquecetuba e Barueri. Os recursos serão destinados, de acordo com a plataforma, a aprimorar operações, tecnologia, apoiar restaurantes, principalmente, as pequenas e médias empresas (PMEs). Os valores também serão empregados para atrair consumidores, promover mais opções de ganho e mais segurança para os entregadores.

Como novo player do segmento de food delivery, a empresa chega com números competitivos, com 98 mil entregadores e mais de 27 mil restaurantes, dos quais 24 mil são PMEs e 3.500 unidades de grandes redes, já cadastrados para atender o novo mercado. Para a campanha de lançamento, a Keeta irá oferecer entregas grátis para 90% dos estabelecimentos, terá 90% das rotas rastreáveis, índice superior ao dos concorrentes, de acordo com a companhia, estimado entre 60% e 65%, e um pacote de boas-vindas com até R$ 200 em cupons. A empresa reafirmou suas declarações públicas de que não exigirá contratos de exclusividade no Brasil seja com estabelecimentos seja com entregadores.

Para o próximo ano, a previsão é de estabelecer presença nos 15 municípios com população acima de 1 milhão de habitantes no primeiro semestre e cobrir 80% da população urbana no segundo semestre.  Até 2030, a plataforma prevê chegar a mil cidades brasileiras.

Rodrigo Goulart, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, que participou da apresentação oficial, afirmou que a segurança dos entregadores e da população foi tratada como prioridade desde a primeira reunião com a empresa. O secretário também ressaltou o impacto econômico esperado em emprego e renda, além da contribuição para ampliar a concorrência no setor.

O modelo de negócio da Keeta

Uma das curiosidades compartilhadas por Tony Qiu, presidente de Operações Internacionais da Keeta, foi justamente a mudança de nome da marca para a expansão internacional da Meituan. Segundo ele, o motivo foi a dificuldade da pronúncia do nome em chinês. O executivo disse que Keeta é uma variação do felino cheetah que, em português, é denominado guepardo. “Ele é muito ágil, rápido, eficiente. E isso representa a entrega dos nossos serviços”, afirmou Qiu.

Mas para chegar ao mercado paulistano, a empresa realizou um estudo detalhado sobre as dores dos operadores locais com foco nos pequenos e médios estabelecimentos. Sem citar nominalmente os concorrentes, Danilo Mansano, vice-presidente de Estratégias e Parcerias da Keeta, ressaltou que quando um segmento é dominado por um único player, as taxas cobradas dos restaurantes permanecem elevadas e o fluxo de caixa restrito prejudica o crescimento da categoria.

Para se tornar mais competitiva, a plataforma estruturou  a operação baseada em três pilares principais:

  • Comissão da plataforma de 2 a 3 pontos percentuais menor que a prática atual de mercado;
  • Recebíveis liberados em 7 dias, sem cobrança de antecipação;
  • Modelo sem exclusividade, permitindo que restaurantes operem em múltiplas plataformas.

De acordo com Mansano, esse conjunto de medidas responde a duas necessidades centrais do empreendedor brasileiro, quais sejam, obter margens mais equilibradas e fluxo de caixa saudável. Na operação-piloto em Santos e São Vicente, no litoral paulista, por exemplo, a plataforma registrou casos de restaurantes que dobraram seu volume de pedidos já nos primeiros dias, como uma pequena cozinha de confeitaria que passou de 10 para 20 entregas diárias.

Para os estabelecimentos parceiros, a Keeta ainda garante atendimento humano 24 horas em todas as etapas da transação, o que inclui suporte desde a entrada do restaurante no aplicativo até a gestão de cardápios e pagamentos. Os restaurantes também terão acesso a insights sobre o comportamento da base de clientes para aumentar as vendas e terá liberdade de trabalhar em qualquer plataforma de delivery.

Compra Intermediada

Além do modelo tradicional, a Keeta traz ao Brasil um serviço batizado de “Compra Intermediada”, já consolidado na operação chinesa. O serviço permite aos consumidores fazer pedidos até em restaurantes que não possuem contrato ou integração com a plataforma.

No momento em que o consumidor deseja pedir em um restaurante fora da base, o sistema da Keeta entra em contato com o estabelecimento por telefone ou aplicativo interno, registra o pedido e direciona um entregador para a retirada. O cliente recebe o pedido normalmente, e o restaurante vende sem a necessidade de integração prévia. O app faz a intermediação entre o cliente e o restaurante de forma fluida e sem atritos.

Tony Qiu explica que esse modelo é amplamente utilizado na China não apenas para restaurantes, mas também para compras em supermercados ou até para buscar um iPhone novo no dia do lançamento na loja oficial da Apple. No Brasil, entretanto, o foco inicial será o setor de foodservice.

Visibilidade aos entregadores

A Keeta trouxe ao Brasil parte do ecossistema operacional desenvolvido pela Meituan, na China, o que inclui um conjunto de soluções voltadas à segurança e eficiência dos entregadores, uma vez que entende ser um dos pilares essenciais para o funcionamento da operação. O cerne dessa operação está nos capacetes inteligentes.

Durante a apresentação, Qiu destacou que os equipamentos permitem receber pedidos via Bluetooth, eliminando a necessidade de olhar para o celular enquanto dirige, possuem luz traseira para visibilidade e sensores de impacto. Assim, caso o entregador caia e não se mova, um alerta é enviado automaticamente ao centro de operações e uma equipe de ajuda é direcionada ao local. Se o entregador estiver bem, precisa apenas clicar em um botão com essa informação e continuar o seu trabalho.

A plataforma também monitora velocidade em tempo real e envia avisos quando um entregador ultrapassa limites, reforçando que a meta de cumprimento de prazo não está relacionada a dirigir mais rápido, mas à eficiência dos algoritmos de distribuição de pedidos.

A empresa informou que durantes testes realizados na Baixada Santista, os entregadores receberam, em média, R$ 30 por hora de trabalho e que a base desses profissionais cresceu 135%, alcançando 4.700 entregadores nos primeiros 20 dias da operação-piloto.

O secretário Rodrigo Goulart ressaltou que a segurança foi o “primeiro compromisso” exigido pela cidade. Segundo ele, o modelo da empresa contribui para proteger não apenas quem trabalha nas ruas, mas também pedestres e motoristas que convivem diariamente com o fluxo de entregadores.

Para complementar os benefícios voltados à categoria, a Keeta também abrirá centros de apoio, com banheiros, água, micro-ondas, espaço de descanso e suporte presencial para dúvidas. O primeiro centro será na região de Santo Amaro, na zona sul da capital, e estará pronto antes de o ano terminar.

Inicialmente, somente os entregadores que usam bicicleta como veículo terão acesso aos capacetes inteligentes, desenvolvidos conforme as normas brasileiras de segurança. Para motos, que exige um equipamento mais robusto, ainda não há previsão.

Expansão internacional

A operação brasileira se soma a um processo de internacionalização iniciado há três anos pela Meituan por meio da Keeta. A plataforma está presente em Hong Kong, Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos. No Brasil, já operava desde outubro em Santos e São Vicente, que serviram como piloto para ajustes antes da chegada à capital.

Na China, a Meituan realiza cerca de 80 milhões de transações diárias, integra 14,5 milhões de comerciantes e possui mais de 770 milhões de usuários anuais. Além do delivery de comida, concentra outras frentes: entrega de supermercado, entrega de medicamentos, reservas de hotel e passagens aéreas, e até entrega por drones, tecnologia que já superou 1 milhão de operações. Embora a empresa estude o uso de drones no Brasil, ainda não há regulamentação nem condições técnicas claras para implementar o serviço em capitais como São Paulo.

Por ora, o foco da Keeta no País será exclusivamente o food delivery, utilizando as vantagens competitivas da matriz para acelerar escala e qualidade.

Imagem: Isis Brum/E&N

 

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