Café Journal: o clássico de Moema que se reinventa

Denis Rezende, CEO do restaurante, revela como a marca segue forte em um mercado em transformação

O Café Journal, localizado em Moema, é daquelas casas que se tornaram parte da memória afetiva de São Paulo. Fundado em 1997, o restaurante atravessou modas, crises e mudanças de comportamento do consumidor sem perder o charme e, principalmente, sem abrir mão da qualidade e da relação próxima com seus clientes.

Durante o BConnected 2025, Denis Rezende, CEO da marca, participou de um bate-papo com Gleice Lyra, CEO da Clientizah, no estúdio do Bittencourt Cast, e revelou o que há por trás da longevidade e do sucesso do Café Journal. O episódio, que agora pode ser assistido no portal Estratégias&Negócios, é uma aula sobre gestão, reinvenção e o poder de uma cultura empresarial sólida.

O E&N foi media partner do BConnected e foi responsável pelas gravações do podcast durante os dois dias de evento (8 e 9 de outubro), no Teatro Santander, em São Paulo.

🎥 Assista ao episódio completo:

Do colapso da indústria à criação de um ícone paulistano

Rezende começou sua carreira na indústria, mas o Plano Collor e a abertura das importações mudaram tudo, na década de 1990. O impacto econômico levou o jovem trabalhador, então com 21 anos, a buscar um novo caminho. “Eu percebi que precisava sair daquilo [empresa] e criar algo meu”, relembra.

Em meio a anúncios de classificados, descobriu o Café Journal, um bar recém-inaugurado com oito sócios e um conceito inspirado nos cafés europeus. A ideia de comprar o negócio parecia ousada para a época, mas foi o primeiro passo para construir uma marca que se tornaria um clássico da cidade.

Inspirado em bares como o Hard Rock Café e o Café Cancun, o Café Journal nasceu como bar temático, ponto de encontro para jornalistas. O cardápio estava focado em chopp e petiscos para acompanhar a bebida, batizados com nomes que faziam referência à imprensa brasileira e internacional. Com o tempo, Rezende e seus sócios perceberam que o conceito precisava evoluir. “Eu queria ser reconhecido pelo trabalho, pela comida e pelo serviço, não apenas pelo tema”, explica.

O vinho como virada de chave

A grande transformação começou quando o executivo decidiu investir em uma adega de vinhos. Na época, a ideia parecia improvável em um bar conhecido por cervejas e caipirinhas. “Eu bati o pé. Queria transformar a casa em um lugar onde o vinho tivesse protagonismo”, conta.

O projeto ganhou força com o apoio de Otávio Piva, fundador da Xpand Vinhos, que o ajudou a montar uma carta de vinhos exclusiva. A aposta deu certo e a adega chegou a ter 20 mil garrafas e 900 rótulos, tornando-se referência em São Paulo e posicionando o Café Journal como uma das principais casas voltadas ao público que aprecia vinho, boa comida e hospitalidade.

“O vinho exige cultura, conhecimento e relacionamento. É uma bebida para compartilhar, e isso se tornou parte da alma do nosso negócio”, diz Rezende. Essa transformação também impulsionou a evolução gastronômica da casa, que deixou de ser apenas um bar para se consolidar como restaurante e, mais recentemente, casa de eventos.

Eventos, experiência e novas formas de servir

Com o passar dos anos, o espaço de 220 lugares começou a receber eventos corporativos e sociais, além de promover experiências personalizadas de gastronomia e vinho. Hoje, 50% do faturamento vem do segmento de eventos, internos e externos.

A experiência com grandes produções, como o próprio BConnected, em parceria com o Grupo Bittencourt, reforçou a capacidade da equipe em entregar qualidade em larga escala. “Servir 1.500 pessoas em 30 minutos exige logística, precisão e muita entrega do time. É o tipo de desafio que renova nossa energia”, diz o CEO.

Cultura, pessoas e o valor da confiança

Mais do que um negócio de gastronomia, o Café Journal é uma empresa feita de pessoas. Muitos colaboradores estão com Denis há mais de 20 anos, como o gerente Meuri, que o acompanha desde o início. “Falei mais com ele do que com a minha esposa nesses 28 anos”, brinca o empresário.

Durante a pandemia, o líder decidiu não demitir ninguém, compartilhando as dificuldades e preservando o vínculo humano que define a cultura da casa. “A gente se uniu, dividiu o que tinha e atravessou juntos. Isso criou um senso de família dentro do negócio.”

Para Rezende, esse é o segredo da longevidade: confiança e verdade nas relações. “Os melhores negócios nascem da confiança. É o cliente que liga e diz: ‘fala com o Denis, ele resolve’. Isso vale mais do que qualquer campanha de marketing.”

Desafios e o futuro do Café Journal

Atento à digitalização do setor, o empresário reconhece que a tecnologia ainda é um desafio para bares e restaurantes. “A velocidade das mudanças é enorme. É difícil integrar plataformas, reservas, atendimento e marketing em um único sistema”, comenta. Ainda assim, o empreendedor busca soluções para tornar o negócio mais conectado, sem perder o toque humano que é a essência da marca.

Com 28 anos de história, o Café Journal segue firme como um dos endereços mais icônicos de Moema e referência em gastronomia, hospitalidade e experiências. “Ser verdadeiro, inovar e cuidar das pessoas, é isso que faz um negócio durar”, resume Denis Rezende.

Imagem: Reprodução

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