Mercado de sorvetes cresce impulsionado por saúde e inovação

Até 2033, o setor deverá alcançar US$ 102,38 bilhões, segundo o relatório divulgado pelo Imarc Group

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O mercado global de sorvetes movimentou US$ 78,57 bilhões em 2024 e tem previsão de alcançar US$ 102,38 bilhões até 2033, com crescimento médio anual de 2,95% no período, segundo o relatório sobre o setor publicado pelo Imarc Group, empresa global especializada em pesquisa e insights.

De acordo com o estudo, o avanço não se deve apenas ao apelo tradicional do sorvete como indulgência, mas, sobretudo, a uma transformação nos hábitos de consumo. O relatório aponta que os consumidores globais estão se tornando mais preocupados com a saúde e buscando ativamente sobremesas congeladas que se encaixem em estilos de vida mais saudáveis. Essa dinâmica tem levado ao aumento da demanda por produtos com baixo teor de gordura, baixo teor de açúcar e livre de leite e derivados.

A tendência é alimentada por diferentes frentes: aumento da conscientização sobre saúde e bem-estar, a força de influenciadores digitais e a disseminação de dietas equilibradas que privilegiam ingredientes limpos e nutritivos. Não à toa, versões à base de plantas — feitas de leite de amêndoa, aveia, soja ou coco — crescem em popularidade, assim como produtos enriquecidos com proteínas, fibras e probióticos.

Dentro dessa lógica, o setor inova com foco em saúde sem deixar de lado o apelo à indulgência. Marcas globais vêm investindo na renovação de portfólio para atender a esse público.

Recorte da América Latina

Na América Latina, o consumo de sorvetes ainda é gradual, mas é um segmento em clara expansão. “O setor de sorvetes da América Latina está testemunhando um crescimento gradual, impulsionado pelo aumento da renda disponível e pela urbanização”, destaca o relatório.

Como em outras partes do planeta, a procura por produtos artesanais, com ingredientes naturais e sabores inovadores ganha espaço nos mercados locais. Consumidores mais jovens, em especial, têm preferência por produtos de baixa caloria, sem laticínios e funcionais, replicando padrões já consolidados em economias maduras, de acordo com a pesquisa.

Em relação a canais, o varejo alimentar — super e hipermercados, além de lojas de conveniência — lidera a preferência do consumidor latino-americano. Conforme o levantamento feito, o e-commerce começa a crescer e abre novas oportunidades para marcas regionais.

Oportunidade para o Brasil

O contexto pode ser favorável ao Brasil. O País reúne tradição em consumo de sobremesas geladas, clima favorável, diversidade de frutas tropicais e um mercado consumidor cada vez mais atento à qualidade e à saudabilidade.

O setor de franquias já está atento a esse cenário. Durante a ABF Franchising Expo, realizada em junho, em São Paulo, Tom Moreira Leite, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), destacou que o segmento está em expansão, tanto em redes de sorvetes premium quanto em açaiterias.

O País aguarda a chegada da rede Mixue Ice Cream & Tea, cuja operação deverá remodelar o franchising brasileiro. A rede de sorvetes é a primeira grande marca chinesa a entrar no foodservice nacional com pontos de venda físico. Com a previsão de investir R$ 3,2 bilhões na consolidação da operação no Brasil, reforçando as estatísticas de crescimento do setor no varejo local, regional e global.

Maturidade e inovação na Europa e nos EUA

Enquanto a América Latina projeta expansão, Europa e Estados Unidos já vivem um estágio de maturidade em que o diferencial está na sofisticação e na inovação.

Os consumidores europeus primam por qualidade, autenticidade e rastreabilidade. A preferência por sobremesas lácteas e artesanais fortalece a liderança da região, que detém 35,1% do mercado global de sorvetes. De acordo com a pesquisa, o crescimento da demanda por produtos veganos e orgânicos reforça a tendência de indulgência saudável. Na Europa, o nicho de alimentos veganos, por exemplo, movimentou US$ 5 bilhões em 2024 e deve mais que dobrar até 2033.

Nos Estados Unidos, a indulgência premium é o motor principal, mas em constante diálogo com a saúde. O relatório indica que “a demanda do consumidor por consumo premium e indulgente impulsiona a indústria de sorvetes com uma participação de 94,90%”

Também segundo o levantamento, isso deve ser entendido como a força do segmento premium dentro do mercado norte-americano de sorvetes — e não de todas as sobremesas congeladas.

Essa combinação de luxo e saúde faz do mercado norte-americano um dos mais dinâmicos, constantemente abastecido por lançamentos sazonais, embalagens inovadoras e experiências personalizadas.

Criatividade em alta

Para entender melhor a potência do segmento, marcas globais se destacam ao responder constantemente ao novo perfil do consumidor. O estudo realizado pelo Imarc Group destacou alguns lançamentos feitos por essas empresas no primeiro semestre de 2025:

  • A Unilever apresentou uma linha de sorvetes que inclui gelatos inspirados em confeitaria, guloseimas com tema de s’mores, colaborações com personagens e opções com baixo teor de carboidratos;
  • A Food Union Latvia investiu € 500 mil no lançamento de 11 novos produtos, que vão de cones à base de kefir a barras veganas de leite de coco;
  • A Lotte Wellfood lançou na Índia a primeira barra de sorvete de quatro camadas, combinando tecnologia coreana e sabores locais;
  • A japonesa Meiji apresentou o Hokkaido Ice Vanilla, feito com laticínios da região e voltado ao mercado premium da Ásia

Esses movimentos reforçam a busca por diferenciação, misturando indulgência, saúde, inovação em texturas e inspiração cultural.

Imagem: Freepick

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