Shein inicia a produção de poliéster reciclado
O processo desenvolvido com universidade chinesa transforma o produto em tecido de alta qualidade
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A Shein, varejista global de moda, beleza e lifestyle, iniciou a reciclagem de poliéster em escala industrial, em uma nova fábrica, com capacidade para produzir 3 mil toneladas métricas. Desenvolvido em parceria com a Universidade de Donghua, na China, o processo de reciclagem de poliéster da Shein combina métodos que envolvem química mecânica e enzimática para transformar resíduos, como garrafas PET usadas e retalhos têxteis, em poliéster reciclado de alta qualidade.
“Levar essa tecnologia do laboratório para a produção é uma etapa fundamental para avaliar seu desempenho em aplicações do mundo real. Ainda há mais a aprender, mas cada etapa deste trabalho nos aproxima da compreensão de como o poliéster reciclado desenvolvido pela Shein em parceria com a Universidade de Donghua pode se tornar um material mais confiável, que podemos usar em maior escala. Acreditamos que esses esforços podem apoiar a Shein e, ao longo do tempo, toda a indústria para a redução da dependência de matérias-primas originais, disse Mustan Lalani, chefe global de sustentabilidade da Shein.
“A reciclagem de têxteis é um profundo desafio técnico. Progredir nesse campo da ciência têxtil requer um equilíbrio meticuloso entre inovação científica, viabilidade econômica e qualidade do produto final. A varejista investiu em pesquisa e está se concentrando em marcos técnicos claros e alcançáveis. A abordagem metódica e orientada pela ciência utilizada neste projeto está alinhada com nossas ações para incentivar uma maior adoção de soluções circulares pela indústria, uma estratégia que apoiamos fortemente na Universidade de Donghua”, Dr. Ji Peng, Supervisor de Doutorado no Centro de Inovação em Ciência e Tecnologia Têxtil da Universidade de Donghua.
Processo inovador de reciclagem de poliéster
Ao contrário dos métodos convencionais de reciclagem, que exigem materiais limpos e uniformes, a tecnologia de reciclagem desenvolvida pode lidar com uma gama mais ampla de resíduos de poliéster e plástico. Embora o processo seja principalmente mecânico, também incorpora elementos de reciclagem química, com ésteres (tipo de substância química), usados para quebrar o poliéster em suas cadeias moleculares originais, que podem ser purificadas para remover corantes e outras impurezas.
O processo de reciclagem também aumenta o peso molecular e evita o uso de produtos químicos tóxicos, como o metanol, durante o fluxo de trabalho de produção. Esses dois atributos permitem que as fibras recuperadas sejam recicladas repetidamente sem comprometer as principais propriedades do material, como resistência à tração, viscosidade de fusão e absorção de cor, permitindo que sejam usadas em aplicações de maior qualidade.
O desenvolvimento deste processo de reciclagem de poliéster também aborda o desafio do processamento de materiais coloridos, uma grande barreira na reciclagem têxtil. A capacidade de remover corantes de tecidos de cores escuras melhora muito a versatilidade e a escalabilidade desse processo de reciclagem de poliéster em fluxos globais de resíduos. A análise de custos iniciais realizada pela Shein também sugere que o novo poliéster pode oferecer eficiência financeira, em comparação com as alternativas de mercado atualmente disponíveis. Se confirmado, isso poderia fornecer um incentivo econômico para uma adoção mais ampla de poliéster reciclado em toda a indústria de vestuário.
Redução e transição
Como parte da ampliação da estratégia de sustentabilidade, chamada de evoluShein, a companhia está colaborando com parceiros para dimensionar a inovação e a capacidade têxtil. A empresa se comprometeu a fazer a transição, até 2030, de 31% do poliéster utilizado em produtos da marca Shein para fontes recicladas, e também a estabelecer uma cadeia de suprimentos têxtil totalmente circular até 2050. A varejista reconhece o impacto ambiental do poliéster virgem, está comprometida em reduzir a dependência dele e em avançar em direção a uma economia circular.
Uma parte fundamental desse esforço é o investimento na reciclagem de têxteis que a gigante da moda chinesa enxerga como uma solução alternativa de longo prazo para o padrão atual da indústria de produção de poliéster reciclado, por meio do uso de garrafas PET recicladas.
Além da inovação de materiais, a varejista também está investindo em técnicas avançadas de fabricação, projetadas para conservar recursos como água, energia e matérias-primas, melhorando a eficiência da produção.
Um exemplo é o uso da Impressão Digital por Transferência Térmica, um método de impressão sem desperdício de água, desenvolvido pelo Bureau Veritas, empresa multinacional francesa, líder global em serviços de Testes, Inspeção e Certificação, que elimina a necessidade de banhos de tinta tradicionais. Os designs são impressos digitalmente em papel de transferência e impressos em tecido branco, usando um processo de transferência a vapor.
A Shein também investiu na Cool Transfer Denim Printing, uma tecnologia que envolve uma impressora digital usando tinta reativa para imprimir texturas, obras de arte ou padrões de jeans em um filme de transferência. Os desenhos no filme de transferência são então impressos em tecido denim branco usando equipamento de transferência a frio, replicando os efeitos da lavagem para produzir características como acabamentos desbotados.
A verificação independente do Bureau Veritas confirmou uma redução de 70% no uso de água, em comparação com os métodos convencionais de lavagem de jeans. No total, essas duas inovações sem água foram usadas na produção de cerca de 51% dos tecidos estampados de origem direta da Shein em 2024, o que corresponde a mais de 550.000 metros cúbicos de água economizados.
Imagem: Montagem E&N/Canva